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terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Pois é.


"Quero saber o que mais ao perder, eu ganhei. Por enquanto não sei: Só ao me reviver é que vou viver. " 

Clarice Lispector - Paixão segundo G.H - Pg 19.





"E ao CORAÇÃO que teima em bater

avisa que é de se entregar o VIVER..."


Às vezes, as sombras da vida nos envolvem, arrastando-nos para um caminho desconhecido, onde nossa fé e amor são postos à prova. O peso do mundo nos sobrecarrega, e nos perguntamos o propósito de tudo isso. Com o corpo cansado e sem tempo sequer para chorar ,nos sentimos sozinhos e desesperados, sem saber para onde ir.

Esses pensamentos me recordam de um desconhecido que tentou voar para encontrar algo que lhe faltava. Como um filhote de pássaro, ele ainda não estava pronto para voar e acabou caindo. Por outro lado, também me recordo de uma velha conhecida que, ao olhar no espelho, viu-se em pedaços, sem saber o que lhe faltava.

A dor é o material dos nossos momentos mais difíceis, um conto de páginas chamuscadas que gritam com o fogo vivo e nos silenciam. Mas não podemos desistir. Olhando para o céu, derramamos a nossa alma sacudida e sentimos o nosso sangue correr. Fechamos os olhos e respiramos, inspirando uma nova corrente de ar.

Temos em nossas mãos a possibilidade de fazer a diferença. Podemos ter nossas covardias, mas também temos nossas coragens. Nesse papel, deixamos as primeiras lágrimas de muitas que ainda precisam ser derramadas e as alegrias que ainda permitimos viver.

Devolvemos a vida e encontramos o sentido. O amor está diante de nós, e sentimos o amor dentro de nós, pois é.

Bruna Fávaro.

"Que o CORAÇÃO já quer descansar

Clareia minha vida, AMOR, no olhar.."

Ao som de: 
Los Hermanos. Pois é (vídeo)






terça-feira, 15 de novembro de 2011

.



Soltava sorrisos ao vento e ouvia: Uma hora eles voltam pra você.”


Caio Fernando Abreu


Enquanto ouço o riso distante das pessoas, caminho sozinha, abro meu grande guarda-chuva  na tentativa em vão de me proteger da forte chuva. Me torno como a rua abandonada. Não desejo encontrar ninguém, escolho experimentar um pouco da solidão ao abrir uma antiga caixa de cartas não enviadas. Enquanto me perco em lembranças superficiais, outras pessoas estão planejando seu futuro.

A tarde foi cinzenta, assim como o céu, e encontrei meu próprio dia de tempestade. Dentro do meu quarto, disfarço meu desespero redigindo textos. O mundo supostamente deveria ter acabado em 11/11/11, mas os eventos trágicos continuam ocorrendo, mesmo após o suposto fim. Repito, novembro não é um mês doce.

Tomo meu café amargo, tão quente que parece obstruir o meu peito, mas é uma dor que permito a mim mesma sentir. Essa tristeza é minha, assim como essas lágrimas sem pudor. Ainda que a morte se faça presente em minha jornada, cuidar de mim mesma é meu compromisso, presente em cada canto do muno. Pois a morte é apenas o começo de uma nova jornada, onde renasço em novas formas. E quando, enfim, me transformar em semente e deixar de existir, recorda-te que já fui flor, que um dia desabrochou para o mundo. E quando minhas pétalas se abrirem novamente, sorrirei ao receber a tua presença, testemunha de minha ressurreição.


Bruna F.




“Por maior que seja a tristeza, você vai rir de novo. O riso é uma fatalidade.
— Carpinejar

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

O mundo gira, o amor gera.

"Qualquer amor já é
um pouquinho de saúde
um montão de claridade
contribuição
pra cura dos problemas da cidade

Qualquer amor que vem
desse vagabundo e bobo
coração atrapalhado
procurando o endereço
de outro coração fechado"

                                                                          Lenine - Amor é pra quem ama. (cd chão)



Imersa em um ciclo vicioso, os dias pareciam se arrastar sem sentido, como se a vida fosse apenas uma grande roda-gigante, balançando sem rumo. Em meio a essa confusão, brinquei com perigosas esferas de aço, fiquei presa no globo da morte e girei sem parar no centro do mundo. A vertigem tomou conta de mim, meus sentidos ficaram confusos, minha visão embaralhada e tudo parecia misturado. Era uma sensação indigesta, a confusão do mundo pairava no ar, e minha respiração ficava cada vez mais fraca, minha voz rouca. E então, em silêncio, eu caí. Caindo enquanto o mundo ainda girava, a chuva fina batia em minha pele, que doía. Meu corpo se molhava com as pequenas gotas frias, e finalmente eu acordei. Nesse momento, senti saudades e um desejo de me espalhar como a chuva. Estendi minhas mãos para o alto e puxei o céu para mais perto. Foi então que senti paz. Comecei a me desenredar, percebendo que nada estava oculto na confusão dos dias. A maré de vazios nunca existiu de fato. O amor sempre esteve dentro de mim, pulsando para me manter viva. Retomei meus sentidos e segurei um punhado de estrelas nas minhas mãos, levando-as em direção aos meus olhos, que brilharam intensamente. Entendi que amar é sustentação, é a manifestação de uma sabedoria delicada que vem do alto para criar, moldar e fazer o novo. Portanto, eu vivo, me movo e existo pelo amor que habita em mim. Quero gerá-lo em poesia e em ação, tornando-o uma força viva. 


Bruna Fávaro




Porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos; como também alguns dos vossos poetas disseram: Pois somos também sua geração. 



At 17:28

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Inversa.



....








A arte transita neste trânsito que é a vida humana e a minha chama atenção.

Olhos desconhecidos pulam em minha direção, pulsa.
Arqueja uma conjunção. Encontramo-nos.
Num instante paro para um riso fino e continuo.
A cidade amanheceu transparente.
Renasceu em um minuto o mundo e as cores.
Tece do avesso, inversa.
O mundo continua a inspirar
Não há quem cale, mas muda.

                                                                                                          

                                                                                                          Está lindo. Está leve. Está louco.
                                                                                                               Estou indo...
                                               Neste despertar dos contrários.



                                                                                                            
Em versos,  me reconheço.

                          

...

Bruna Fávaro

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Atenção!




Estou me proibindo neste momento de sentir saudade, de chorar ou qualquer coisa que enalteça minha sensibilidade. Se eu fugir a regra, por favor me abrace.

Obrigada. 


Bruna Fávaro


segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Raízes arterias







Entre Raízes arterias e veias que entrelaçam os troncos, movimenta-se o ser.
Em um emaranhado de emoções e anseios , substância rara. Essência!
Descobre entre os espaços o vazio que insistirá.
Aquilo que não se viu, aquilo que não se ouviu.
E quem dirá que não existe?
Raízes Arteriais, veias caudais.
Paixões acidentais voam e voltam com o vento...
Um fio feito Nylon, praticamente invisivel,  é tecido no corpo
é envolvido no espírito  e permanece.
E que poderá cortar quando firmado?
O  que a morte ofereceu para gerar.
Amor é Salvação.
Dos ramos, dos raios.
Os frutos, a luz. A vida.
Quem produzirá ?



Bruna Fávaro.




segunda-feira, 1 de agosto de 2011

A corda e o pulo.



"Remexo dentro de mim, nem sempre é fácil saber a parte de nós que ficou no caminho: toco... faço a ferida arder. Sentir a ferida, é a maneira mais rápida de curá-la. Nada em mim foi covarde, nem mesmo as desistências: desistir, ainda que não pareça, foi meu grande gesto de coragem."






Em uma madrugada, uma situação inesperada ocorreu. O galo cantou na hora errada, interrompendo um sonho que antes parecia real. Ao olhar ao seu redor, percebeu um grande vazio e uma ausência de esperança. Sentiu um aperto no peito, um sentimento que conhecia bem, mas que não queria confrontar. 

Então, encontrou-se em um canto, construindo telhados imaginários para se proteger de uma chuva que nunca viria. Ficava em sua pequena aldeia, observando as pessoas, seus olhares, trajetos e sinais. Às vezes, sentia uma enorme vontade de se juntar à multidão, rir e brincar, mas sempre acabava se sentindo estranha e desconfortável no final. Era melhor ficar sozinha e se apegar ao seu jeito de "bicho-do-mato". 

 Adorava esse silêncio da solidão, pois agitava seu interior, cantava, gritava, e isso a incomodava. Ela se trancava de raiva e escondia tudo bem fundo, como se tomasse uma aspirina sem água para aliviar a dor, mas acabava sentindo um incômodo na garganta. Ela queria falar, mas estava tão ocupada com sua angústia. Era um estado inquietante que passava rapidamente, e ela voltava para o mesmo lugar de antes, sem gostar.

 Mas afinal, o que ela realmente queria? Sua busca parecia desesperada, seu caminhar parecia arrastado, sua postura era rígida e sua expressão estava fragmentada. Tinha um peso preso em seu corpo, o chão amarrado em seus pés, o cansaço incomodando seus sonhos e uma viga bloqueando seu maior amor. O ar soprou um despertar, sussurrando os ingredientes da cura. Então, ela começou a cantar sua primeira canção e germinou em uma composição extraordinária de vida. Pôde voar sem asas, girar como uma bailarina, dançando sem se preocupar com os passos ou seus pés. Levantou a cabeça, fechou os olhos e orou, girando lentamente, sentindo a força invadir sua alma. Repetia em diferentes alturas: "-venha comigo hoje, me abrace para sempre". A corda, o salto para despertar. O laço e seu mundo renascido. Ela foi em direção ao abraço, e o abraço foi em direção a ela, já a envolvendo. Então, foi levada em seus braços e seu coração foi guardado.


Bruna F.

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